ESOPO

O díptico de colagens digitais, Esopo, mostra meu interesse em elaborar outros discursos a partir da história brasileira enquanto produção ficcional. O que é deixado às margens quando se institui uma pintura como registro oficial da História? Quais fábulas escolhemos tornar oficiais e quais mantemos sob regimes folclóricos? As interferências feitas sobre a pintura de Pedro Américo recorrem às problemáticas trazidas pelas discussões na contemporaneidade a respeito de outras grafias para os processos de soberania nacional. Assim, cobrir parte da imagem com fotografias de móveis abandonados nas regiões periféricas do Rio de Janeiro, pretende deslocar o protagonismo dos eventos narrados por apenas um dos lados de uma história com muitos pontos de vista.

paratodosverem:
Através de um recurso digital, o artista produz um díptico de imagens que possuem como base o quadro emblemático “Independência ou morte” de Pedro Américo. Na primeira imagem, o artista faz uma intervenção escrevendo “também acreditar naquilo que acontece às margens dos grandes eventos” na parte superior direita da obra original. Na segunda imagem, vários objetos como sofás e colchões velhos, móveis quebrados são colocados a frente do quadro, cobrindo quase totalmente a visão da cena, apenas a representação do céu fica à mostra.

Esopo (díptico), 2022
Apropriação digital
Dimensões variadas
rafael amorim