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MÁTRIA BRASIL

paratodosverem:
Pintura em tela de fundo vermelho. Cinco mulheres estão em primeiro plano. No centro da pintura, uma mulher indígena grávida abraça a própria barriga onde se vê um mapa do Brasil desenhado em verde. Ela usa um colar azul, pintura corporal vermelha, brincos de penas verdes e possui cabelos lisos, com comprimento na altura das orelhas e franja. À sua esquerda há duas mulheres, uma mulher negra de corpo robusto e cabelos crespos estilo black power. ela usa um brinco pequeno na cor verde e está com a mão direita apoiada no quadril. Do lado esquerdo desta mulher, aparece apenas a cabeça de uma mulher de cabelos lisos e franja que usa óculos e batom vermelho. Do lado direito da mulher indígena ao centro, há mais duas mulheres. Uma mulher branca e careca que usa um piercing no nariz de cor azul e tem uma tatuagem vermelha no ombro esquerdo. Ela está com os braços cruzados na frente dos seios. À direita dela está uma mulher com vitiligo de cabelos cacheados e compridos. Todas elas estão representadas apenas da cintura pra cima e estão com seus corpos descobertos. Em seus rostos, os olhos não são representados.
Mátria Brasil (2022)
Acrílica sobre tela
50 cm x 61 cm
Jota Carneiro

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MÁTRIA BRASIL

Pessoas indígenas, pretas e latinas que são deixadas de fora do quadro de Pedro Américo, marcam presença nas personagens sem olhos de Jota Carneiro. Encarando o espectador de frente em primeiro plano, elas representam a parcela do povo brasileiro que mais sofre com violências sistemáticas - mulheres e pessoas LGBTI+ -, o que denuncia a veracidade dos significados da palavra independência. Por definição:

1 - estado, condição, caráter do que ou de quem goza de; autonomia, de liberdade com relação a alguém ou algo;
2 - ausência de relação, de subordinação;
3 - autonomia política; soberania nacional; libertação;
4 - boa condição material; bem-estar, fortuna, prosperidade.

Os seios à mostra provocam uma reflexão sobre porque alguns corpos podem expô-los enquanto outros precisam cobri-los. A sexualização da nudez acompanhou o processo de colonização, contribuindo para que a objetificação se tornasse uma ferramenta de controle que reverbera até os dias atuais. É a origem da intolerância à diversidade de existências e a autonomia dos desejos.

A personagem indígena no centro do quadro carrega uma pintura corporal inspirada nos Pataxós, com formas geométricas que simbolizam as solteiras do gênero feminino, na cor vermelha que é utilizada para guerra. O vermelho também está presente no plano de fundo, homenageando o Pau-Brasil, as lutas e a resistência dos povos originários do país.