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paratodosverem:
Através de um recurso digital, o artista atribui falas a alguns personagens do quadro “Independência ou morte” de Pedro Américo. Começando pela figura central, de Dom Pedro I, em cima da sua cabeça há um balão onde se lê: “Onde fica a independência?!?”. O personagem principal da comitiva que está a frente de Dom Pedro I, de frente para ele, responde: “Segue direto depois vire à esquerda!!!”. O personagem logo atrás de Dom Pedro exclama: “Viva! viva”. Outro personagem que segue a comitiva de Dom Pedro cantarola a letra de uma marchinha de carnaval: “Bandeira branca, amor…”. O último personagem da linha que está atrás de Dom Pedro pergunta: “Cheguei atrasado?” e seu cavalo exclama: “Caraca mané, corri muito!”. No canto inferior esquerdo do quadro, há um personagem que representa os trabalhadores do campo. Ele não faz parte da cena central da independência. Acima da cabeça desse personagem existe um balão que representa um pensamento onde se lê: “Esse daí tá mais perdido que o Neymar na Copa do Mundo”.

Onde fica a independêcia? (2022)
Gravura digital
Denilson Baniwa

ONDE FICA A INDEPENDÊNCIA?

A mitologia da criação do Estado Brasileiro atravessa nosso inconsciente através dos suportes artísticos da pintura, literatura, música, teatro, cinema entre outros. Em comum temos a ordenação do ambiente e personagens onde, exclusivamente, o europeu (ou descendentes deste) ocupa a maior parte dos motivos retratados, bem como o Sudeste ocupa o centro importante nas obras.

Personagens não brancos nas obras históricas performam a importância terciária, onde, ou são os que esperam a salvação, ou servem aos salvadores do Brasil. Onde fica a Independência? Uma pergunta que nos faz pensar se tivemos uma independência para todos ou apenas para grupos específicos que continuam sendo os que têm poder social e econômico.

Onde fica a Independência? É a dúvida que sempre se faz presente.Tivemos uma independência para povos que sempre estiveram à margem da sociedade, fora do Sudeste, fora da burguesia e fora dos centros metropolitanos ou essa dita independência é apenas a mitologia do branco para legitimar um território invadido?